Dizem que a ruptura entre Fichte e Schelling se consumou por volta de 1800, quando o segundo mandou para o primeiro seu System des transzendentalen Idealismus. Schelling havia igualado nele a dignidade da sua Filosofia da Natureza à da Filosofia Transcendental: ambas deveriam estar juntas no Sistema, completando-se, mas não subordinando uma à outra. A história é bem conhecida: Fichte tardou em responder àquele que fora seu arauto entusiasta e só o fez com uma segunda carta: "Sobre sua oposição Filosofia Transcendental e Filosofia da Natureza não estou ainda de acordo com você" (Fichte, Briefwechsel, II , 291). Que não disseram nunca o mesmo sobre a mesma coisa, que se houveram coincidências entre ambos, estas foram "livres" (como escreveu Kuno Fischer), que o espinosista Schelling tinha desde o princípio planos próprios para consumar a revolução kantiana, que a filosofia de Schelling é, se qualquer coisa, um desenvolvimento incômodo da filosofia fichtiana ou que está construida "em oposição" a esta, e que, apesar disso, deve a Fichte os problemas, os termos, as ambições e, muitas vezes, os argumentos, são obviedades, talvez apenas aparentes, que constantemente atrairam o interesse de críticos e historiadores. Em qualquer caso, a admiração mútua entre esses pensadores foi publicamente reconhecida por ambos. Com o passar do tempo, Schelling escreveu em suas palestras sobre História da Filosofia Moderna: "Fichte foi para mim, como para todos, mestre e precursor, na medida em que foi o primeiro a falar de uma filosofia fundamentada na liberdade e aquele que fundou sobre a autonomia do Eu não apenas [...] a filosofia prática, mas também a filosofia teórica e, portanto, a filosofia.” (Sämtliche Werke, I/10, 166).
A revista Estudos sobre Fichte deseja convidar a se repensar esta relação bidirecional, a medida e a forma como Fichte influenciou a formação de Schelling, mas também a maneira e o sentido em que as variações e os desenvolvimentos pensados por Schelling condicionaram a evolução da filosofia de seu inspirador, seja através de um desdobramento, seja a partir de uma decantação ou radicalização.
As contribuições, inéditas, poderão ser apresentadas em Espanhol ou Português. Elas deverão ter um máximo de 7.000 palavras e ser apresentadas até 17 de outubro de 2011, nos seguintes endereços:
Ana Carrasco-Conde: carrasco-conde[arroba]schelling.badw.de
Edgar Maraguat: edgar.maraguat[arroba]uv.es
Após um processo de avaliação cega por pares, o anúncio da seleção de trabalhos que serão publicados ocorrerá em 25 de novembro de 2011.
Na página http://alef-por.blogspot.com/p/publicaciones.html os autores encontrarão indicações sobre o formato dos textos.
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